segunda-feira, 24 de maio de 2010

quarta-feira, 19 de maio de 2010

segunda-feira, 10 de maio de 2010

cem...


A criança é feita de uma centena.
A criança tem cem linguagens,
cem mãos,
cem ideias,
cem modos de pensar, de jogar e de falar.
Cem, sempre cem, modos de escutar, de se maravilhar,
cem alegrias para cantar e compreender.

Cem mundos para descobrir.
Cem mundos para inventar.
Cem mundos para sonhar.

A criança tem cem linguagens (e mais cem cem cem), mas roubaram-lhe noventa e nove.
A escola e a cultura separam a cabeça do corpo.

Dizem à criança
para pensar sem as mãos,
para fazer sem pensar,
para escutar e não falar,
para compreender sem alegria,
para amar e maravilhar-se só na Páscoa e no Natal.

Dizem à criança
para descobrir o mundo que já existe,
e de cem, roubaram-lhe noventa e nove.

Dizem-lhe:
que o jogo e o trabalho, a realidade e a fantasia, a ciência e a
imaginação, o céu e a terra, a razão e o sonho, são coisas que não estão bem juntas.

E assim dizem à criança que as cem não existem.
A criança diz: ao contrário, as cem existem!